O que é e como funciona a gestão empreendedora?
Gerenciar uma empresa financeiramente sustentável e de sucesso nos dias atuais exige dos administradores um novo conjunto de habilidades. Com a constante evolução da tecnologia e o dinamismo de um mercado de trabalho movido por indivíduos habituados ao ambiente digital e em busca de carreiras desafiadoras, o gestor moderno precisa se guiar por princípios que o transformem em um líder empreendedor — ou seja, alguém capaz de assumir riscos, experimentar e estar aberto a inovação.
Neste artigo, abordaremos o conceito de gestão empreendedora e como ela pode ser aplicada no cotidiano de seu negócio.
O que é a gestão empreendedora?
O conceito de empreendedorismo é bastante amplo e permite uma série de interpretações. Em uma abordagem tradicional, podemos definir um empreendedor como uma pessoa apta a identificar necessidades e supri-las por meio da oferta de produtos ou serviços.
Atualmente, entretanto, costuma-se ligar ao empreendedor as características da criatividade, da capacidade de desenvolvimento de novos mercados e do interesse constante por inovação.
Para sobreviver ao mundo dos negócios contemporâneo, nesse sentido, o empreendedor precisa ser um visionário, hábil para não só competir com outras empresas, mas também se antecipar às necessidades dos clientes, por meio de um processo de inovação disruptiva.
Diante de todos estes fatores, uma gestão empreendedora é aquela que traz para o ambiente interno de uma empresa o anseio pela inovação e, ao mesmo tempo, práticas gerenciais transformadoras que motivam equipes a criar novos projetos, produtos e até mesmo modelos de negócio, reduzindo assim as incertezas de um mercado cada vez mais turbulento.
Como aplicar a gestão empreendedora em seu negócio?
Antigamente, era comum a ideia de que uma gestão empreendedora seria interessante nas fases iniciais de uma empresa, visto que, nestas etapas, é impossível deixar de assumir algum grau de risco e de experimentação.
Todavia, hoje se acredita que o espírito empreendedor pode e deve fazer parte do gerenciamento diário de qualquer companhia, independentemente de seu porte, segmento de atuação ou estágio de desenvolvimento no mercado.
Se você deseja efetivar uma gestão empreendedora em seu negócio, é importante entender o funcionamento deste modelo de gestão. Para tanto, listamos algumas de suas características principais:
- Absorção da incerteza: um líder empreendedor deve assumir os riscos de suas escolhas e não projetar as falhas para sua equipe;
- Desenvolvimento de um ambiente favorável à inovação: a criação de um ambiente capaz de estimular a criatividade e no qual haja espaço para novas ideias é um elemento preponderante da gestão empreendedora;
- Criação de desafios: enquanto gestor, será seu papel instigar seus funcionários a ir além dos padrões tradicionais do mercado;
- Comprometimento: uma gestão empreendedora só vai funcionar se você tiver uma equipe comprometida que almeje, de fato, produzir ações inovadoras. É seu papel impulsioná-la neste sentido;
- Quebra de paradigmas: não adianta buscar uma gestão empreendedora se você não estiver disposto a romper com estereótipos sobre aquilo que pode ou não ser desenvolvido por seus colaboradores na empresa. Dê espaço para seus funcionários e não subestime novas ideias.
O que diferencia a gestão empreendedora dos outros modelos de gestão?
O que faz da gestão empreendedora um dos modelos gerenciais mais interessantes para o contexto empresarial contemporâneo? Quais suas vantagens? Para responder a essas perguntas, é válido realizarmos um breve comparativo.
Na gestão tradicional corporativa, por exemplo, o que vemos, no geral, são grandes companhias calcadas em um modelo de gestão hierárquico, pouco flexível e sem grandes espaços para que os gestores assumam riscos ou implementem novos projetos.
Por isso mesmo, tais empresas têm enfrentado dificuldades em se comunicar com os consumidores contemporâneos e em se adaptar às mudanças de um mercado cada vez mais aberto e sob a forte concorrência de startups com estruturas enxutas, mas lideradas por gestores ambiciosos, interessados em criar novos mercados por meio da oferta de soluções que antecipam as necessidades de seus clientes.
Para acompanhar este contexto desafiador, é fundamental implementar uma gestão empreendedora em seu negócio. Em vez de lutar contra as mudanças do mercado, é preciso ser o primeiro a criá-las. Com este espírito, suas chances de sucesso se potencializarão.
Gestão empreendedora: o que podemos aprender com as startups?
As startups têm um modelo de gestão adaptado à Era da Informação. Nesse sentido, o fluxo de informações atual é bastante amplo e descentralizado. Veja a seguir como essas transformações estão impactando a gestão empreendedora:
Digitalização do consumo e interação
Se antigamente as possibilidades de interação com o conteúdo consumido era comentar o que assistiam na tevê, por exemplo, hoje qualquer indivíduo que possua um smartphone e acesso à internet pode se tornar um emissor de opinião.
Nesse contexto, com o grande volume de conteúdo gerado nas redes sociais, esse novo cenário alterou definitivamente a forma como as empresas interagem com o público-alvo, tendo no marketing digital o seu grande trunfo. As startups, por sua vez, se beneficiam muito dessa digitalização no consumo, não só na distribuição dos seus serviços, ou produtos, mas também na sua estruturação.
Tecnologia e inovação
Aliado a isso, normalmente, esses empresários não possuem capital suficiente, no período de validação de uma ideia. Por esse motivo, as startups tornaram-se referência quando o assunto é trabalhar com estruturas menores.
Uma lição importante, que deve ser anotada por quem opera em negócios mais antigos. Se a sua empresa começou na década de 1990, quando o telefone fixo era artigo de luxo no Brasil, muitos processos eram manuais. Por outro lado, a tecnologia disponível atualmente é suficiente para reverter essa situação, trazendo economia e qualidade às formas obsoletas de trabalho.
Ou seja, gestão empreendedora já não é apenas fazer melhor, mas também de forma inovadora. E é exatamente isso que a tecnologia nos oferece.
Trabalho colaborativo
Outra lição que deve ser aprendida com as startups é a de saber utilizar o trabalho colaborativo a seu favor. Afinal, como resultado de um modelo de negócio que visa atingir funcionalidade, aliada com economia, elas integram um ecossistema de ajuda mútua.
Exemplo disso são os congressos em que empreendedores se reúnem para discutir inovação, e como novas soluções podem melhorar o mercado. Neles, todos estão interessados em desenvolver um mercado inovador, e sabem que as soluções para os seus problemas podem estar nos empreendimentos de outros participantes.
Em outras palavras, quando se cria um ambiente como esse, em que existe a troca constante de informações, a gestão empreendedora toma um outro foco: contribuir para o desenvolvimento de um mercado.
Em contrapartida, uma forma mais tradicional de se pensar uma companhia é olhar internamente (processos) e externamente (mercado) esse contexto, esquecendo-se que a uma empresa é parte vital do desenvolvimento econômico, social e tecnológico da sociedade.
Análise de riscos na gestão empreendedora
Não é possível ignorar que toda atividade humana possui riscos. E como empreender é uma atividade humana, logo, não é exceção nesse aspecto. Quer um exemplo? Observando a história da humanidade, mais precisamente as grandes navegações que deram origem ao continente americano, como o conhecemos hoje, temos aí uma empreitada que tem tudo a ver com gestão de risco.
Em suma, os impérios Português e Espanhol não tinham informações suficientes sobre o que existia do outro lado do oceano Atlântico, o que tornou arriscados os investimentos necessários para viajar para esse ambiente. Assim, apenas com um maior volume de informações obtidas sobre o local, puderam decidir como iriam explorá-lo, em uma operação que levou séculos.
Quando o assunto é gestão empreendedora, isso não é diferente, afinal o nível de risco de um investimento está diretamente atrelado ao quanto o empresário conhece sobre ele. Gestores experientes sabem que é fundamental dedicar tempo, e até mesmo recursos, para só depois verificar se um investimento vale ou não à pena.
Quem ignora esse fato, portanto, continua, contando com a sorte, uma vez que empreender é uma atividade racional, baseada em constante análise de informações. Ou seja: implica estar seguro do que se faz e não contar com o acaso.
Protegendo-se dos riscos mais comuns
Risco de mercado
Nesse caso é importante que o empresário acompanhe as notícias relacionadas ao setor em que atua. Para um empresário do setor de frigoríficos, nesse sentido, saber como os países importadores estão reagindo após as denúncias da Polícia Federal, na operação Carne Fraca, é fundamental.
Só assim ele poderá tomar importantes decisões financeiras, como realizar, ou não, investimentos em sua empresa, além de melhor direcioná-los.
Risco técnico
Para se proteger desse risco, a empresa deve entender quais são os pontos fracos de seu produto, e como fatores externos, tais quais o surgimento de uma nova tecnologia poderão torná-lo obsoleto.
Recentemente, empresas que produzem televisores lançaram aparelhos que transmitem programação em 3D. O problema é que as emissoras e produtoras de conteúdo não desenvolverem programas de televisão com essa tecnologia. Ou seja, um exemplo mais do que ilustrativo de risco técnico.
Risco estratégico
Basicamente, para se proteger desse risco o empresário deve estar sempre atento à qualidade das metas que projetou para sua empresa. Do contrário, se tentar alcançar um crescimento de mercado fora da capacidade de atendimento do negócio, estará sujeito ao risco estratégico em uma gestão empreendedora.
Risco Financeiro
Também é obrigação de uma gestão empreendedora eficaz cuidar da saúde financeira da empresa, em todos os sentidos. Para isso, o gestor deve não só tornar as informações econômicas da companhia, claras e acessíveis para os sócios, como deve ter plena certeza de que os investimentos realizados atendem aos objetivos do empreendimento.
Risco de pessoal
É importante ainda que a escolha dos profissionais que vão trabalhar na sua empresa, seja em cargos de direção, seja em funções operacionais, leve em consideração se eles são qualificados e capacitados o suficiente para cumprir com suas tarefas, cometendo o mínimo de erros.
Tenha em mente que isso implica tanto a competência profissional dos seus colaboradores em si, como a conduta ética deles e possíveis desvios e comportamentos que prejudiquem colegas ou os resultados da empresa.
Por fim, agora que já os conheceu, perceba que não há como eliminar 100% dos riscos, mas é imperativo você aprenda a calculá-los, de modo a tornar as decisões da empresa mais seguras levando todos os aspectos acima em consideração.
Gestão empreendedora possui líderes
Se observarmos o modelo hierárquico das empresas no passado, é possível perceber que o conceito de liderança predominante era muito diferente do atual e até mesmo pautado pelo temor dos trabalhadores em relação aos seus superiores, ao invés de respeito e admiração.
No entanto, quem quer ter uma empresa com uma gestão empreendedora e maior produtividade deve evitar esse tipo de relação tóxica entre os colaboradores:
Conduza com cuidado o processo de contratação
Contratar uma pessoa significa fazer um investimento, por isso o processo de seleção e incorporação dela ao quadro de colaboradores deve ser conduzido com cuidado, para garantir que a contratação seja feita da melhor maneira possível. Além disso, a economia do século XXI precisa de profissionais que pensem em soluções, e não que apertem parafusos — essa atividade já foi automatizada.
Privilegie o respeito na relação com os colaboradores
Tratar a pessoa contratada com o mesmo respeito com que você trata os seus investimentos é sempre a postura mais acertada. Consequentemente, o trabalho intelectual se desenvolve melhor, produzindo os resultados esperados quando feito dentro um ambiente que o incentive. Ou seja, ninguém pensa em soluções “apenas porque é pago para isso”.
Lidere para melhorar o clima no ambiente de trabalho
Nesse contexto, as pessoas também querem solucionar os problemas que as afetam. Então, demonstrando respeito por seus colegas, liderando-os, ao invés de menosprezá-los, o empresário conseguirá obter o melhor retorno dessas pessoas — além de melhorar, consideravelmente, o clima no ambiente de trabalho.
Mas, se esse não é o caso da sua empresa e o seu colaborador chega em casa falando mal dela, das condições de trabalho e do modo com que é tratado uma coisa é certa: seu negócio não tem uma gestão empreendedora.
Afinal, ela é muito mais do que pensar nos resultados finais, como o lucro. Nesse modelo de administração a empresa é pensada em seu conjunto, e em como afeta a vida das pessoas envolvidas em seus processos, além é claro, dos próprios consumidores.
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